CPmRC: relevância de um diagnóstico e tratamento precoces

04/11/16
CPmRC: relevância de um diagnóstico e tratamento precoces

A sessão “O doente com CPmRC. Escolha mais e melhor tempo de vida: do diagnóstico ao tratamento”, decorrida no último dia do XIV Simpósio APU 2016, contou com um painel de especialistas de diferentes áreas da Medicina para explicar como a pesquisa e estadiamento dos doentes com cancro da próstata resistente à castração (CPRC) podem ser determinantes no prognóstico e seleção do tratamento adequado.

Este simpósio satélite promovido pela Janssen Oncology iniciou com a comunicação da Dr.ª Catarina Gameiro, urologista do Hospital Beatriz Ângelo, que alertou para a necessidade de se realizar diagnósticos atempados. Para tal, referiu exemplos de “exames complementares adequados para diagnosticar e estadiar a doença”.

Segundo a especialista, é necessário “escolher e utilizar sensatamente os recursos”, fazendo um “estadiamento consequente, ou seja, selecionar exames e os timings certos que permitam oferecer uma alternativa terapêutica dirigida ao seu problema, aumentando a sobrevida e, naturalmente, a qualidade de vida”.

Durante a sua intervenção, a Dr.ª Catarina Gameiro alertou para a dificuldade de distinguir os “doentes que parecem M0 e os que, de facto, não são”, ficando também evidenciado a relevância do estadiamento. “Queremos detetar metástases precocemente para evitar as complicações associadas. Gostaríamos de impedir ou retardar a progressão da doença, de definir e melhorar o prognóstico, selecionando adequadamente a estratégia terapêutica”, explicou.

Os exames necessários para o diagnóstico foram referidos pela preletora, sendo os mesmos a TAC, “para diagnóstico de metastização visceral”, a ressonância magnética de corpo inteiro ou a cintigrafia óssea, “para diagnosticar metastização óssea” e a PET, “para casos mais ou menos particulares”.

A quem e quando fazer o estadiamento?

“Nós, os urologistas, estamos habituados a pensar que a fase de resistência à castração seja uma fase terminal, mas não é”, frisou o Prof. Doutor Carlos Silva, urologista do Centro Hospitalar de São João do Porto, acrescentando que “a maior parte dos doentes, 50%, vivem mais em fase de resistência à castração do que em fase de sensibilidade”.

No decorrer da sessão, o orador afirmou que a existência de doentes com CPRC M0 se deve aos profissionais, por não resistirem à pressão de prescreverem “uma monoterapia numa fase em que não deve ser imposta” essa opção.

Desta forma, ficou evidenciado que o doente “deve ser vigiado de forma ativa, intervalada, de três em três meses”, através da medição de antígeno prostático específico (PSA). “Sabemos que o nível de PSA, a velocidade e o tempo de duplicação do PSA estão associados ao prognóstico de CPRC”, declarou o especialista, sublinhando que a avaliação do doente deve ser feita “sempre que existirem sintomas ou quando os valores de PSA atingirem os 5 ng/mL e, posteriormente, a cada tempor de duplicação do PSA”.

Opções de tratamento

A última apresentação foi realizada pela Dr.ª Ana Castro, oncologista do Hospital de Santo António (Centro Hospitalar do Porto), com o objetivo de evidenciar “o impacto do tratamento precoce da doença na sobrevivência global e qualidade de vida”.

Desta forma, a especialista começou por enumerar os vários fármacos antiandrogénicos existentes atualmente, entre os quais, os inibidores da biossíntese dos androgénios, como a abiraterona.

O ensaio clínico de fase 3, COU-AA-302, foi mencionado pela preletora para sustentar algumas das conclusões apresentadas sobre a utilização de acetato de abiraterona no tratamento dos doentes com CPmRC, antes de serem submetidos a quimioterapia. Este fármaco prolonga a sobrevivência global e o tempo até à progressão radiográfica, melhora a qualidade de vida dos doentes (por exemplo, reduz a intensidade e interferência da fadiga) e tem um perfil de segurança favorável e consistente.

Partilhar

XIV Simpósio APU 2016

 

 

Publicações

XIV Simpósio APU 2016